domingo, 28 de novembro de 2010

Às editoras e Livrarias

  
       Enquanto passeava sexta-feira passada com meu namorado em uma livraria na Paulista, se apresentaram para nós indícios de algo que nos deixou um tanto indignados e chateados - a parte d'eu ficar chateada vocês podem presumir por eu estar escrevendo um post aqui, ao invés de escrever no no outro. Ficou claro para nós o quanto - infelizmente - os livros são tidos como artigos de luxo no Brasil.
       Observando a estante de lançamentos, nos deparamos com o seguinte:


        


       Os dois livros têm o mesmo título, mas são publicados em línguas e formatos diferentes. O da esquerda está em formato pocket book, em inglês, e o outro, em português, está no formato habitualmente vendido nas livrarias no país.
       A primeira coisa que nos passou pela cabeça foi: qual a diferença de preço entre os dois? E o resultado que obtivemos da pesquisa foi esse:




       O livro em inglês, mesmo (presumivelmente) importado, é o de preço mais acessível. Custa metade do preço com desconto do livro em português. Mas ele não é acessível de verdade, já que a maior parte da população não fala inglês.
       E a questão que nos causou indignação foi a seguinte: já existe um paradigma de publicação barata amplamente conhecido - o do pocket book, mostrado na figura. Ao folhear a versão do livro em formato pocket book, percebemos que tanto a capa dele, quanto suas as páginas, são feitas de material mais barato. E isso é feito assim no intuito de diminuir o custo da publicação e, conseqüentemente, diminuir seu custo de venda ao público.
       Se este modelo de publicação já é um modelo amplamente conhecido - tanto é conhecido, que está sendo vendido na mesma prateleira da publicação brasileira - porque ele não é utilizado também aqui, pra que uma maior parte da população possa ter acesso à leitura? Por que fazer uma publicação mais cara, se é possível fazer uma mais barata e mais acessível? Não é o conteúdo do livro que importa? Ele não vai ser o mesmo em uma publicação mais barata?
       Quando se tratam os livros e a leitura como artigos de luxo, não se pode mesmo esperar que a população seja em geral seja culta e erudita.  Ninguém vai ter grandes epifanias tendo como única fonte de entretenimento as novelas e o futebol - nada contra, mas não são programas que exatamente estimulam o senso crítico de alguém.
       E como poucos de nós têm dinheiro para viajar o mundo e conhecer outras culturas, entrar em contato com outras visões de mundo para constantemente alterar nossas perspectivas em relação as coisas à nossa volta e nos tornarmos seres mais críticos, o livro cumpre esse papel. Ele é o jeito mais acessível que temos de entrar em contato com tudo que nos cerca e mesmo com nós mesmos e nos fazer pensar. E como eu ouvi dizer uma vez: "melhor alguma leitura do que nenhuma leitura". Não importa se os livros são de auto-ajuda, de ficção, de história... qualquer livro nos faz mais conscientes do que a impassibilidade em frente a TV!
       Deixem nossos livros mais feios e mais baratos, esse é um pedido que eu faço. A população com certeza não vai fazer essa troca imediata da inércia em repouso para a inércia em movimento - que comentário mais nerd! rs - mas, com certeza, ficaremos mais próximos dessa mudança começar...

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